Tratamento da Degeneração Macular em 2020

A degeneração macular relacionada a idade – DMRI – é a principal causa de baixa de visão em pessoas acima de 50 anos de idade. Por isso, o entendimento sobre a doença, incluindo fatores de risco, métodos de diagnóstico e opções de tratamento devem ser divulgados para que a população conheça mais sobre esta doença e possa se cuidar para evita-la. Quando não for possível evitar a doençca, devemos trata-la de maneira correta para obter o melhor resultado visual.

Neste texto eu abordo as dificuldades que enfrentamos neste ano de 2020 no tratamento da degeneração macular relacionada a idade em decorrência da pandemia pelo novo corona vírus. Para entender melhor sobre outras características desta doença, sugiro que leia os textos específicos de cada tópico.

O tratamento da DMRI exsudativa foi revolucionado após a descoberta dos medicamentos anti fator de crescimento endotelial vascular (VEGF). O VEGF regula o crescimento de novos vasos sanguíneos anormais no olho – conhecidos como neovascularização – que podem levar à DMRI úmida. Seu bloqueio leva a redução da neovascularização, hemorragia e edema no fundo do olho. Com isso, ocorre cicatrização da membrana e melhora da visão do paciente.

Atualmente, em 2020, temos 4 medicamentos:

  • Lucentis® (ranibizumabe)
  • Eylea® (aflibercept)
  • Avastin® (bevacizumabe)
  • Brolucizumabe – este medicamento teve o lançamento postergado no mercado brasileiro após dados dos pacientes dos EUA indicarem a realização de novos estudos devido a efeitos colaterais que alguns pacientes apresentaram. Ainda não tem nome comercial definido no Brasil.

A DMRI exsudativa pode não ser curada, mas sua progressão pode ser interrompida com o uso de injeções intravítreas dessas medicações anti-VEGF. Essas injeções podem preservar e até recuperar a visão. No nosso canal do Youtube temos um vídeos explicando especificamente o que é uma injeção intra-vítrea e para que serve esta modalidade de tratamento oftalmológico.

O ano de 2020 trouxe diversos desafios para tratamento da DMRI. Dentre os fatores que complicam os resultados do tratamento, podemos citar claramente a pandemia pelo novo corona vírus como um dos principais. A população acometida pela DMRI é composta por idosos, que é justamente o grupo de risco para pior prognóstico caso venha a contrair a Covid-19. Diante disso e da grande informação amplamente divulgada pelas redes digitais mídia, muitos idosos optaram por não estar presente nas consultas oftalmológicas e e por não realizar o tratamento.

Infelizmente essas ações trouxeram consequências muito severas para a visão destas pessoas. Pacientes que estavam em controle da doença perderam esse controle. Outros pacientes que iniciaram os sintomas optaram por buscar ajuda somente quando estes se agravaram muito e se tornaram insustentáveis. De forma geral, o que eu observo é que o medo de contrair a Covid-19 levou os pacientes a negligenciar os sintomas visuais até o limite do tolerável.

A doença da DMRI é grave por si só pode levar a baixa visual irreversível mesmo com tratamento adequado. Isso demonstra que devemos realizar tudo que está ao nosso alcance para poder controla-la e o mais rápido possível. A demora no tratamento pode levar a cicatrização da retina e pior prognóstico visual. Um conceito importante a ser entendido é que o tratamento da DMRI é considerado tempo sensível. Isso significa que pacientes devem receber o tratamento na hora certa pelo risco de não ter mais melhora caso o tratamento seja tardio. Caso o tratamento certo seja feito na hora errada, o resultado pode não ser satisfatório e a visão não melhorar mais.

Em conclusão, esse ano de 2020 está sendo de intensos desafios para todos nós. Entretanto, não podemos deixar que o medo coloque nossa saúde visual em segundo plano. Na Viver oftalmologia fizemos diversas modificações na rotina de atendimento e na clínica para manter um atendimento seguro e diminuir o risco de contaminação.

Minha orientação é que todos os pacientes entrem em contato comigo para avaliar a possibilidade de postergar a consulta e o tratamento. Não decidam isso sozinho, pois as consequências podem ser desastrosas para a visão, que pode não retornar mais. Estou aqui para auxiliar nesse momento desafiador e podemos passar, juntos, da melhor maneira possível.

Nos vemos
Dr Emmerson Badaró

SOBRE O AUTOR

Dr. Emmerson Badaró

Especialista em retina clínica e cirúrgica com sub-especialização em mácula pela Escola Paulista de Medicina, Unifesp. Possui doutorado pela mesma instituição e pela Tufts Medical Center, de Boston, EUA. Membro da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo, é autor de diversos capítulos de livros e artigos de oftalmologia.

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