Degeneração Macular tem Cura?

A degeneração macular relacionada a idade – DMRI – é uma condição comum de baixa visual na população idosa, correspondendo à principal causa de perda da visão nesta faixa etária.
Os sintomas acometem região central da visão, poupando a região periférica do campo visual. Além disso, podem acometer um ou ambos os olhos. Incluem distorção de linhas e imagens, alteração no formato dos objetos, redução do contraste de cores e mancha no centro da visão.

Apesar de poder comprometer muito a visão e a qualidade de vida de um paciente, a DMRI não causa cegueira completa. A perda visual ocorre na região central da visão e causa dificuldades na realização das atividades diárias, mas a periferia da visão geralmente permanece preservada. Veja um exemplo de como é a visão do paciente portador de DMRI avançada nesta foto abaixo. 

Sem tratamento, a DMRI pode levar a piora progressiva da visão, que ocorre ao longo de anos no caso da DMRI seca, ou dentro de semanas no caso da DMRI úmida. 

Quais as opções de tratamento para DMRI?

Atualmente o tratamento para a DMRI não são curativos, visto que não acabam com a doença nem trazem regeneração total da retina acometida. O principal objetivo com o tratamento é preservar a retina ainda não acometida e reduzir o defeito causado na parte já danificada.

DMRI seca

Na forma da DMRI seca, temos disponíveis complexos de vitamina e anti-oxidantes que visam lentificar a progressão da atrofia. Além disso, os pacientes devem sempre ser estimulados a terem bons hábitos de vida, com atividade física frequente, alimentação rica em verduras e vegetais, dando preferência aos de cor escura e que tenham carotenóides, como a cenoura. Essas medidas devem ser incorporadas na vida da pessoa, preservando esses bons hábitos em sua rotina diária para ter melhor benefício.

Lembro que essas recomendações são dadas aos pacientes com DMRI, mas servem também para outras pessoas, mesmo que não tenha nenhuma doença ocular, pois são bons hábitos que trazem benefício à saúde como um todo. 

DMRI exsudativa

Na forma da DMRI exsudativa, o tratamento realizado é com a injeção intra vítrea de medicamentos anti-angiogênicos. As aplicações devem ser mantidas enquando houver sinais de atividade da doença, verificada através de avaliação multimodal. Existem diversas modalidades e regimes de tratamento disponíveis para tratamento da DMRI exsudativa, que      abordamos em um texto específico aqui no blog e nos canais de vídeo do Youtube e Igtv. Sugiro que veja também para entender como podemos otimizar o tratamento. 

Injeções anti-VEGF mais duradouras

Os laboratórios de medicamentos estão criando novos medicamentos anti-VEGF que não precisam ser injetados no olho com a mesma frequência dos atuais, permitindo um espaçamento maior entre as aplicações.

O novo medicamento da Novartis, Brolucizumabe, foi aprovado para uso nos Estados Unidos. Segundo o fabricante, cerca de um em cada três pacientes que usam o Brolucizumabe pode demorar até três meses antes de precisar de nova injeção. 

O Abicipar da Allergan ainda está na fase de ensaios clínicos e ainda não obteve a aprovação de uso em humanos. Estudos sugerem que esta droga permite que os pacientes passem três meses entre as injeções. Este medicamento também está sendo avaliado para edema macu, mas ainda sem previsão de lançamento no mercado.

Sistema de entrega portuária

O sistema de entrega de porta (PDS) é um pequeno dispositivo recarregável que armazena medicamentos anti-VEGF. Não maior que um grão de arroz, o sistema é implantado na parede do olho durante um procedimento cirúrgico e pode ser recarregado frequentemente quando necessário sem a necesidade de nova cirurgia. O PDS libera continuamente o medicamento anti-VEGF no olho, podendo liberar o paciente do re-tratamento por até dois anos. O PDS está entrando na fase final dos ensaios clínicos e pode estar no mercado em breve.

Suplementação com Luteína e outros complexos

O famoso estudo Areds e seu sucessor, Areds 2, avaliaram o benefício do uso de uma fórmula composta por diversos medicamentos para retardar a progressão da DMRI e prevenir a forma úmida. Muita controvérsia existe acerca desse tema, e uma metanálise completa foi realizada para avaliar o resultado de diversos estudos clínicos sobre o assunto. A recomendação final é de que o benefício do uso da fórmula é controverso e tem benefício quando usado em um grupo específico de pacientes. Desta forma, não há evidência de que todos os portadores de DMRI devam fazer uso dessas fórmulas.

Auxílios ópticos

Avaliando as atividades do cotidiano do paciente, podemos prescrever auílios ópticos específicos. As opções de recursos são diversas e são individualizadas à necessidade de cada paciente. Óculos, lupas de apoio com ou sem iluminação, telas que aumentam o tamanho das letras do comuputador e celular. Existem também aplicativos que fazem a leitura de textos que o paciente deseje ler. 

Terapia genética

A terapia gênica é uma alternativa promissora ao tratamento da DMRI. O objetivo da terapia genética é levar ao olho um vírus inofensivo que transporta junto gens que auxiliam na produção do VEGF do próprio paciente, permitindo a melhora da membrana neovascular. O tratamento com terapia genética ainda está em estudos clínicos e não está disponível aos pacientes, mas temos expectativa de que nos próximos anos ficará disponível. 

Células  tronco

As células-tronco podem ser capazes de substituir as células da retina danificadas da retina. As células-tronco têm sido sido testadas apenas em pequenos ensaios clínicos até agora, mas elas mostram-se promissoras formas de tratamento para o futuro. Seu uso ainda não está disponível para uso em humanos, e pode levar vários anos para que essas terapias sejam ajustadas e comprovadamente seguras e eficazes.

Colírio

Um colírio para a DMRI foi testado em ensaios com animais. Se aprovada, o colírio poderá eventualmente se tornar o primeiro tratamento para DMRI que o paciente faça em casa.  Esta modalidade de tratamento ainda está em fase de estudo inicial e não tem previsão de ser lançada no mercado. 

Como vimos, existem diversas modalidades e formas de tratamento da degeneração macular, tanto da forma seca quanto úmida. Estamos em constante atualização para trazer aos pacientes novidades de tratamento, desde que sejam comprovadamente seguros e eficazes. Acompanhe nossas redes para ficar atualizado sobre as notícias. Além disso, converse com seu médico assistente para saber qual a modalidade de tratamento mais adequada ao seu caso. 

Se tiver dúvidas, mande para mim.

Nos vemos

Dr Emmerson Badaró

SOBRE O AUTOR

Dr. Emmerson Badaró

Especialista em retina clínica e cirúrgica com sub-especialização em mácula pela Escola Paulista de Medicina, Unifesp. Possui doutorado pela mesma instituição e pela Tufts Medical Center, de Boston, EUA. Membro da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo, é autor de diversos capítulos de livros e artigos de oftalmologia.

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