Degeneração macular em jovens

A degeneração macular é um fenômeno no qual ocorre lesão progressiva da região central da visão, chamada de mácula. Esta região é a principal parte da retina e responsável por trazer boa qualidade de visão em todas as condições, desde ler, dirigir e quando estamos em ambientes externos.

Quando ocorre degeneração macular, o paciente pode perder a capacidade de ver objetos com definição e apresentar sintomas de maculopatia, incluindo as metamorfopsias, escotomas, e distorção de imagens.

A forma mais comum de degeneração macular é a doença chamada Degeneração Macular Relacionada a Idade (DMRI), que acomete indivíduos idosos e temos aqui no blog diversos textos explicativos sobre esta patologia.

Nesse texto, entretanto, não quero falar da DMRI, mas de outras formas de maculopatia que podem levar a degeneração macular. Não é comum pacientes jovens desenvolverem DMRI. É importante que o médico assistente saiba quais são os diagnósticos diferenciais e quais exames pedir para chegar ao correto de cada paciente.

Se você se acha muito novo para ter DMRI, então leia com atenção porque esse texto é para você.

Existe o que é conhecido como “degeneração macular juvenil”, que é um termo geral para uma série de doenças oculares hereditárias diferentes. Essas doenças incluem retinosquise juvenil, doença de Best, doença de Stargardt e outras maculopatias hereditárias. Afeta crianças e adultos jovens e, embora raro, pode levar à perda da visão central e comprometer intensamente a qualidade de vida.

Outras distrofias retinianas também podem levar a degeneração macular em jovens. Retinose pigmentária, distrofia de cones, distrofia areolar central, dentre outras menos comuns, são algumas delas. O diagnóstico é suspeitado com a clínica de perda visual do paciente e aspecto do fundo de olho, e confirmado através de exames complementares, dentre eles eletrofisiologia ocular, tomografia de coerência óptica – OCT – e retinografia.

Edema macular de diversas causas, quando evoluem para casos crônicos, podem levar a alterações maculares e degeneração desta região. Esta é uma importante causa de baixa visual principalmente em pacientes com retinopatia diabética e oclusões vasculares da retina.

A degeneração macular miópica pode ocorrer em pessoas com miopia patológica devido ao alongamento extremo do globo ocular. O alongamento da retina pode resultar em atrofia macular, rupturas subretiniana na mácula e aparecimento de membrana neovascular subretiniana. Pacientes com alta miopia devem ser examinados mais frequentemente para acompanhamento de tais alterações.

As drusas cuticulares, também conhecidas como drusas da membrana basal, são alterações que ocorrem na região macular e paramacular e leva ao aparecimento de drusas em aspecto e posição característicos nos pacientes jovens.

Listamos aqui acima algumas causas de degeneração macular em jovens. Mas então, como esses pacientes jovens devem ser tratados? Haveria algum valor em recomendar suplementação de Luteína ou da combinação do AREDS? O AREDS destacou o valor da suplementação nutricional em pacientes com degeneração macular relacionada a idade que apresentavam alto risco para o desenvolvimento de neovascularização de coróide. Isso é o mesmo que dizer que trata pacientes para prevenir a progressão para DMRI úmida.

Mas a suplementação nutricional se aplicaria aos pacientes sem DMRI, mas com outras patologias? Tecnicamente, NÃO!!!

Apesar de ser possível que a patologia progrida no futuro e o paciente desenvolva DMRI uma vez que fique idoso, a suplementação está recomendada para pacientes que tem DMRI seca em um olho e úmida no outro. Para outras patologias, não existe evidência científica suficiente que suporte a prescrição nutricional. Na prática, sabemos que é muito comum pacientes que tenham maculopatias usem a suplementação com luteína e outros complementos, mas sempre temos que saber as limitações de seu uso para não criar expectativas de resultados que possam não ser obtidos.

Ficou com alguma dúvida? Mande para mim que responderei com prazer.

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Nos vemos.

Dr Emmerson Badaró

 

SOBRE O AUTOR

Dr. Emmerson Badaró

Especialista em retina clínica e cirúrgica com sub-especialização em mácula pela Escola Paulista de Medicina, Unifesp. Possui doutorado pela mesma instituição e pela Tufts Medical Center, de Boston, EUA. Membro da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo, é autor de diversos capítulos de livros e artigos de oftalmologia.

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