Telemedicina na Oftalmologia
Conceito
A telemedicina é uma forma de realizar a medicina associando a transformação digital a novas modalidades de comunicação. Consistem em atendimento médico efetivo que gera um diagnóstico e tomada de condutas baseada em informações colhidas com o paciente através de sistemas de telecomunicação e avaliação de exames complementares.
Sem dúvida, a telemedicina traz diversos benefícios para a prática médica e para a saúde do paciente. A democratização do acesso a saúde é um dos principais. Ainda hoje, pacientes de comunidades sem acesso a centros de referência com especialistas sofrem com esperas longas para fazer exames e consultas. Além disso, pode haver impedimento do deslocamento do paciente até o especialista, e a telemedicina vem para suprir essa atenção.
Um ponto importante é que ela coloca o paciente ainda mais participativo na atenção médica, pois ele deve entender as vantagens e desvantagens desta modalidade de atendimento, e ficar ainda mais atento nos sintomas e tratamentos realizados. Por isso, o paciente fica ainda mais proativo no cuidado com sua própria saúde. Diversas formas de autoexame estão em constante avaliação e podem ter indicação de serem aplicados a algumas doenças, como degeneração macular, membrana epirretiniana e retinopatia diabética com edema macular.
Além disso, aplicativos de celular e sites estão trazendo cada vez mais maneiras de acompanhamento das doenças. Um exemplo são os medidores constantes de glicose usados em pacientes diabéticos e que exportam os dados para o aparelho e daí para a nuvem. O médico consegue acessar esses dados e avaliar mudanças de conduta que sejam necessárias.
Regulamentação
O Conselho Federal de Medicina regulamenta o uso da telemedicina no país e monitora suas atividades. É importante salientar que aplica as mesmas regras para consultas e exames presenciais. Ou seja, o paciente e o médico devem seguir os mesmos protocolos de segurança da informação, privacidade e armazenamento de dados.
Limitações
Apesar de ter muitas vantagens, a telemedicina possui alguns fatores limitadores. Dentre estes, podemos citar o fato de a interação ser de uma forma diferente, onde muitas pessoas podem não se sentir confortáveis em interagir através das telas e não haver o exame físico com o toque do médico no paciente. Além disso, algumas doenças não podem ser diagnosticadas através da telemedicina e o paciente deve se direcionar a uma consulta presencial. Outro ponto importante é que os exames complementares se tornam ainda mais importantes para diagnóstico e para parâmetro de acompanhamento das doenças.
Modalidades de realização de telemedicina
Teleorientação: médicos interagem com o paciente através de uma anamnese convencional e realizam orientação de condutas à distância, incluindo a prescrição de medicamentos e solicitação de exames complementares.
Telemonitoramento: o médico faz a avaliação de exames e o acompanhamento do tratamento instituído em uma consulta presencial. Nesta modalidade, o paciente já foi em uma consulta presencial com o médico, que fez o diagnóstico e prescreveu o tratamento. Numa outra oportunidade, o paciente e seus exames são reavaliados de maneira remota.
Teleinterconsulta: é realizada quando dois médicos interagem entre si e um envia informações sobre o paciente para um segundo, geralmente um especialista no assunto. Podemos citar como exemplo um oftalmologista que é o médico assistente do paciente entra em contato com um especialista em retina para que este participe da avaliação do paciente com solicitação e avaliação de exames, e formulação do diagnóstico. Caso seja necessário, o paciente é encaminhado para avaliação presencial com o especialista.
Outras formas de telemedicina
Telediagnóstico: já regulamentada de longa data, é a emissão de laudos a distância com o médico avaliando as imagens de um exame. Muito usada quando técnicos treinados fazem a captura das imagens juntamente com o paciente, e médicos especialistas emitem o laudo em outro local.
Inteligência artificial: é a utilização de softwares para realizar diagnósticos, substituindo o trabalho manual do homem. Dentro da oftalmologia, a inteligência artificial tem sido muito estudada principalmente em doenças da retina, como retinopatia diabética. Através da imagem do fundo de olho de um paciente, o computador identifica sinais da doença e sugere o encaminhamento do paciente para uma avaliação com o especialista em retina.
Conclusões
Sem dúvida, a telemedicina é uma forma de democratização do acesso à saúde. Quando praticamos a medicina, novas tecnologias devem ter sua aplicabilidade avaliada e, quando afetarem a vida dos pacientes de forma positiva, devemos incorporá-las em nossa rotina. Através da telemedicina, o alcance ao especialista é mais rápido, com menor custo e menos deslocamento do paciente.
Apesar disso, é importante salientar que também tem limitações que devem ser reconhecidas pelo paciente e pelo médico. Se a qualidade da assistência estiver ameaçada, o atendimento presencial se torna essencial. A telemedicina veio para somar à saúde do paciente, não podendo trazer risco de afetar a relação entre médico e paciente e na qualidade do atendimento. Quando bem indicada e aproveitada, a telemedicina traz muitos benefícios à saúde da população.
Nos vemos,
Dr Emmerson Badaró