Retina em Perigo: Os Impactos Silenciosos de Medicamentos no Olho

Muita gente me pergunta se medicamentos que usamos para tratar outras doenças podem afetar a visão.
E a resposta é: sim, alguns remédios podem, sim, causar danos importantes à retina e a outras estruturas oculares.

Sou o Dr. Emmerson Badaró, oftalmologista especialista em retina, e hoje quero falar com você que faz uso contínuo de corticóides, antibióticos, antidepressivos ou medicamentos reumatológicos.

Mesmo que a visão pareça “normal”, alguns efeitos adversos podem ser silenciosos e irreversíveis se não forem detectados a tempo.

A retina é sensível — e alguns medicamentos interferem diretamente na sua função

A retina é um tecido altamente vascularizado e delicado. Por isso, medicamentos que alteram a circulação, a inflamação ou a estrutura celular podem desencadear efeitos negativos — mesmo quando usados corretamente.

É por isso que muitos tratamentos clínicos exigem acompanhamento oftalmológico regular.

Medicamentos que podem afetar a retina (e os olhos em geral)

1. Corticoides (Prednisona, Dexametasona, etc.)

  • Usados em tratamentos de alergias, doenças autoimunes e inflamações

  • Risco ocular: aumento da pressão intraocular (glaucoma secundário), edema macular e catarata

Pacientes com uso prolongado devem realizar mapeamento de retina e medida de pressão ocular com frequência.

2. Antibióticos da classe das tetraciclinas

  • Ex: Minociclina, Doxiciclina (usadas em acne, infecções crônicas)

  • Risco ocular: podem provocar aumento da pressão intracraniana e alterações do nervo óptico

Se surgirem dor ocular, visão embaçada ou dor de cabeça, interrompa o uso e busque avaliação.

3. Antidepressivos tricíclicos e inibidores da recaptação de serotonina

  • Ex: Amitriptilina, Nortriptilina, Fluoxetina, Sertralina

  • Risco ocular: alterações na acomodação visual, glaucoma de ângulo fechado, visão turva

Em pacientes acima de 50 anos com sintomas visuais, é essencial avaliar o ângulo da câmara anterior e a retina.

4. Cloroquina e Hidroxicloroquina

  • Usadas para tratar doenças autoimunes como lúpus e artrite reumatoide

  • Risco ocular: toxicidade na mácula (retinopatia em “olho de boi”), com perda progressiva da visão central

Esse é um dos casos mais sérios. A retinopatia por cloroquina não tem cura e pode ser evitada apenas com monitoramento precoce.

5. Isotretinoína (Roacutan)

  • Usada no tratamento da acne severa

  • Risco ocular: ressecamento ocular intenso, inflamação da retina, alterações na visão noturna

Recomendo que todos os pacientes em tratamento com isotretinoína façam exame de retina e adaptação com colírios lubrificantes.

Casos reais que vejo no consultório

Aqui na clínica, já atendi pacientes que:

  • Perderam parte da visão por retinopatia tóxica da cloroquina

  • Desenvolveram glaucoma e catarata induzidos por corticoides tópicos e sistêmicos

  • Tiveram sintomas de visão dupla e alteração de foco após iniciar antidepressivos

Em todos esses casos, um acompanhamento oftalmológico preventivo teria feito a diferença.

Minha orientação como especialista

Se você faz uso de qualquer um desses medicamentos — especialmente de forma contínua ou em doses elevadas — recomendo que inclua o oftalmologista no seu time de cuidado.

A avaliação oftalmológica pode prevenir complicações sérias, com exames como:

  • Mapeamento de retina

  • Tomografia de mácula (OCT)

  • Campo visual

  • Avaliação do nervo óptico

  • Medida da pressão intraocular

Uso medicação crônica? Agende sua avaliação de retina

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