5 critérios de controle do diabetes na análise de um oftalmologista

“O que é considerado bom controle de diabetes sob análise de um oftalmologista?”

Outro dia um paciente me fez essa pergunta, que achei muito interessante e importante. Por isso resolvi dividir com vocês a minha resposta.

Apesar de parecer simples a pergunta, eu considero cheia de peculiaridades e muito profunda, merecendo ser levada muito a sério pois a resposta traz a chave para o sucesso do controle do diabetes no longo prazo.

Pois bem, eu considero que existem 5 pontos que fazem com que um paciente esteja adequadamente controlado em relação ao diabetes:

  1. Hemoglobina glicada controlada:
    valores idealmente devem estar abaixo de 6,5%.
  2. Glicemia controlada:
    valores de jejum abaixo de 110mg/dL e de 140 em pós-prandial de 2 horas.
  3. Não existam oscilações da glicemia:
    de nada adianta a hemoglobina glicada estar dentro de valores satisfatórios, se isso é obtido às custas de oscilações entre níveis muito altos e baixos da glicemia. A oscilação da glicemia é extremamente danosa aos vasos da retina, e pode causar lesões que levem à retinopatia diabética.
  4. Outros fatores estejam controlados:
    A tríade formada por diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia é uma verdadeira bomba relógio para um paciente e deve ser rigorosamente tratada. Pacientes que não controlem essas patologias têm maior risco de eventos desfavoráveis, incluindo perda visual.
  5. Consiga manter a longo prazo:
    Por último, minha última dica é de que o paciente faça as medidas acima citadas, mas que também tenha em mente que deve priorizar atitudes que possam ser mantidas a longo prazo. De nada adianta cuidar intensamente durante um período e, depois, descuidar e relaxar. Os pacientes diabéticos devem tomar medidas que causem menos desprazer no seu dia-a-dia para que consigam manter o controle no longo prazo.

Vida de diabético não é fácil. São muitas restrições, muitas vezes de coisas que a pessoa realmente gosta de fazer e alimentos que gosta de comer. Por isso, tente substituir hábitos e alimentos para priorizar o que você gosta de fazer e também pode ser feito por um portador de diabetes.

Nem sempre medidas drásticas são necessárias, principalmente em pacientes em estágios iniciais da doença. Caso o paciente consiga adaptar sua vida e seus hábitos para obter o controle adequado, conseguimos manter o estilo de vida prazeroso e que traga segurança para que não ocorram danos secundários causados pelo diabetes, como por exemplo a retinopatia diabética.

O paciente deve ser continuamente estimulado a adotar hábitos de vida saudáveis, como manutenção de peso adequado, prática regular de exercício, suspensão do fumo e baixo consumo de bebidas alcoólicas, e conseguir manter ao longo do tempo.

Mudança no estilo de vida não é simples de ser obtida, mas pode ocorrer se houver uma estimulação e conscientização constante, não só por parte dos profissionais de saúde. O paciente deve virar o agente principal de seus cuidados e usar a equipe de saúde para conseguir atingir seus objetivos.

Nos vemos

Dr Emmerson Badaró

SOBRE O AUTOR

Dr. Emmerson Badaró

Especialista em retina clínica e cirúrgica com sub-especialização em mácula pela Escola Paulista de Medicina, Unifesp. Possui doutorado pela mesma instituição e pela Tufts Medical Center, de Boston, EUA. Membro da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo, é autor de diversos capítulos de livros e artigos de oftalmologia.

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