Lucentis
Você já ouviu falar do medicamento que se chama Lucentis? Recebeu do seu médico a indicação de uso dessa medicação e ficou na dúvida pra que serve, como é aplicado, quantas aplicações são necessárias e quais os efeitos esperados? Vou responder aqui às principais dúvidas que os pacientes me perguntam na clínica. Então leia esse texto que vou te explicar tudo sobre o Lucentis.
O que é o Lucentis?
O Lucentis é o nome comercial de uma molécula chamada Ranibizumabe, que é produzida pelo laboratório Novartis. Essa molécula é um anticorpo monoclonal contra o fator de crescimento do endotélio vascular, (anti-VEGF, em inglês). Em outras palavras mais simples, o Lucentis é um anticorpo que serve para modular o funcionamento dos vasos do fundo do olho. Ou seja, quando existe alguma doença que faça com que os vasos do fundo do olho estejam com funcionamento ruim, essa molécula serve para ajustar o crescimento anormal ou mal funcionamento desses vasos.
O Lucentis foi aprovado nos Estados Unidos pelo FDA em 2006, com bastante tempo de uso pela classe médica. Ou seja, já existe muita experiência com o uso dessa medicação, com efeitos positivos e descrição bem entendida dos possíveis efeitos colaterais.
Como o Lucentis é aplicado?
O Lucentis, Ranibizumabe, é aplicado de maneira intra-ocular, diretamente no local onde ele deve agir, que é na cavidade vítrea. Aqui no blog eu tenho um texto falando tudo sobre injeção intravítrea, desde as indicações, de como é feita, os benefícios e possíveis riscos. Pra entender melhor essa abordagem, sugiro que leia o texto sobre injeção intravítrea.
Pra que serve o Lucentis?
O Ranibizumabe serve para tratar principalmente doenças que levam a alterações vasculares do fundo de olho, como doenças da retina e da coróide. As principais doenças tratadas são a retinopatia diabética com ou edema de mácula, degeneração macular relacionada a idade na sua forma exsudativa, edema macular de diversas etiologias, obstruções vasculares do fundo de olho, miopia patológica, membranas neovasculares e retinopatia da prematuridade.
São doenças que tem alta prevalência na nossa população. O Lucentis vem para tratar essas doenças com alto grau de previsibilidade e com melhora do controle da doença na grande maioria dos pacientes.
Quantas aplicações do Lucentis são necessárias?
Essa pergunta eu recebo todo dia na clínica, mas não existe um número que sirva para todas as pessoas ou para as doenças. Somente o tempo e reavaliações periódicas podem nos mostrar quantas aplicação são precisas para controlar a doença e melhorar a visão. Ao realizar o tratamento, são realizadas novas avaliações, repetidos os exames, exame clínico do paciente, e reavaliação de necessidade de continuar ou interromper o tratamento. Por isso, é importante que o paciente seja acompanhado pelo oftalmologista especialista em retina para obter melhores resultados.
Se você já leu outros textos meus, deve saber que sou um adepto da medicina personalizada, ou seja, individualizada a cada paciente. Não uso protocolos rígidos de tratamento para os pacientes, mas gosto sim de individualizar o tratamento a cada indivíduo, e até a cada olho dos meus pacientes. Não é incomum que eu trate um olho de uma maneira e o outro olho de forma diferente, se assim for necessário para conseguir melhores resultados.
Quais são os riscos do Lucentis?
Como todo tratamento, não é isento de riscos. Os principais riscos do tratamento com Lucentis são os relacionados às injeções intra-vítreas de forma geral. Dentre esses, como mais graves cito infecção, inflamação e descolamento de retina. Esses efeitos colaterais são raros e ocorrem de maneira muito pouco frequentes.
Mas efeitos menos raros, mas com baixa gravidade e relacionados à aplicação do medicamento em si, são olho vermelho, moscas volantes, sensação de areia no olho.
Agora, vou citar aqui alguns sinais de alerta para você ficar atento e procurar seu médico caso eles apareçam, porque podem significar alguma situação que precisa de ajuste de tratamento: piora progressiva de olho vermelho, piora visual grave, dor ocular intensa, manchas brancas ou vermelhas no olho.
Bem, eu espero que tenha esclarecido as principais dúvidas sobre o Lucentis e que você tenha ficado mais tranquilo sobre esse tratamento que veio para revolucionar a oftalmologia e tirou muitas pessoas da cegueira desde que foi disponibilizado.
Existem outras medicações que têm efeito semelhante, dentre elas o Aflibercept (Eylea) e Visiqq (Brolucizumabe). Eu tenho textos específicos delas aqui no site e te convido a ler para entender melhor sobre essas outras medicações.
Nos vemos no próximo texto
Dr Emmerson Badaró
Viver oftalmologia