Retinopatia da Prematuridade
A retinopatia da prematuridade é uma doença que acomete os vasos da retina de bebês prematuros, pois nascem antes que os vasos da retina completem seu crescimento normal. Após o nascimento, o crescimento desses vasos da retina pode ocorrer de maneira desordenada, levando à retinopatia da prematuridade. Podem ocorrer, com isso, hemorragias, descolamento de retina e baixa visual.
É fato que as UTI neonatais evoluíram e continuam a evoluir nos tratamentos oferecidos aos recém-nascidos prematuros. Essa evolução nos trouxe melhora da sobrevida de crianças cada vez menores e em épocas gestacionais mais precoces. Entretanto, dentro desta evolução do tratamento veio a necessidade de maior suporte intensivo em organismos frágeis e imaturos, incluindo altas doses e longos períodos de uso de ventilação artificial para suprir a imaturidade do organismo do recém-nascido.
Não há como prever quais bebês desenvolverão as formas mais graves de retinopatia da prematuridade. Por isso, é muito importante para todos os bebês nascidos com os fatores de risco abaixo citados, ou cujo neonatologista considere com risco de desenvolver retinopatia da prematuridade, sejam examinados ainda na UTI neonatal pelo oftalmologista. O primeiro exame ocorre cerca de 4 semanas após o nascimento e é repetido de acordo com a necessidade de cada paciente.
Principais fatores de risco:
- Baixo peso de nascimento, principalmente se menos de 1500g
- Idade gestacional abaixo de 30 semanas
- Necessidade de altas doses e tempo de uso de oxigênio suplementar
- Hemorragia intraventricular
- Sepse
- Transfusão de sangue
Como é feito o diagnóstico
é realizado pelo oftalmologista ao realizar os exames de biomicroscopia e mapeamento de retina. Podem ser necessários também ultrassonografia e angiografia.
Outras doenças que são consideradas pela semelhança diagnóstica são
Vitreorretinopatia exsudativa familiar
é um distúrbio genético que parece semelhante à retinopatia da prematuridade, mas ocorre em bebês a termo.
Vasculatura Fetal Persistente
pode causar um descolamento tracional de retina difícil de diferenciar, mas geralmente unilateral e não tem correlação com a prematuridade.
Incontinentia pigmenti
O fim do período de avaliações do recém-nascido que não precisou de tratamento se dá quando a vascularização retiniana se completa. Já quando necessitou de tratamento, o oftalmologista deve manter o acompanhamento mesmo depois da vascularização ter sido completada, pois há risco de reativação da doença, principalmente quando houve tratamento com injeção de medicação anti angiogênica.
Em relação ao acompanhamento a longo prazo, os bebês prematuros devem ser vistos dentro de 4-6 meses após a alta da UTI, pois apresentam maior risco de desenvolver estrabismo, ambliopia, alto erro de refração, catarata e glaucoma.
Tratamento
Na maioria dos casos, a retinopatia da prematuridade é resolvida sem tratamento e sem causar danos à visão da criança. Em casos avançado, no entanto, pode causar problemas visuais permanentes ou cegueira.
Fotocoagulação a laser
é atualmente o tratamento padrão para a retinopatia da prematuridade, levando a uma coagulação do tecido não vascularizado na borda da retina. O objetivo desse tratamento é preservar a visão central das crianças, mas pode ocorrer comprometimento do campo visual periférico, dependendo da área que necessita de tratamento.
Crioterapia
este foi o primeiro tratamento para retinopatia da prematuridade. A crioterapia utiliza um instrumento para congelar e coagular a área doente além dos limites da retina. Atualmente, é usado raramente porque os resultados da terapia com laser geralmente são melhores.
Medicamentos
a utilização de medicamentos anti angiogênicos revolucionou o tratamento da retinopatia da prematuridade, principalmente em casos avançados em que o laser traria efeitos colaterais severos. Com o uso dessas medicações, como o Lucentis, podemos modular o crescimento vascular até o momento ideal de se indicar a fotocoagulação a laser.
Em casos avançados, a combinação de injeção intravítrea de medicamentos anti angiogênicos e fotocoagulação a laser mostra ser a melhor opção em grande parte dos pacientes.
Vitrectomia
Em casos avançados que não responderam às opções anteriores e evoluem para descolamento de retina, pode ser necessários o tratamento cirúrgico com vitrectomia.
Complicações
A complicação mais temida na retinopatia da prematuridade é o descolamento de retina. Existem várias outras complicações relacionadas a esta doença que podem afetar o desenvolvimento visual, como dragging de mácula, miopia, estrabismo, ambliopia e anisometropia.
Esforços constantes são realizados pela equipe de médicos na UTI neonatal para salvar a vida dos prematuros e controlar fatores de risco para doenças, incluindo a retinopatia da prematuridade. Apesar de todo esse esforço, algumas crianças ainda assim desenvolvem a doença e necessitam de tratamento.
Quando um recém-nascido nasce com os fatores de risco descritos, é muito importante o acompanhamento do oftalmologista para monitorar o desenvolvimento vascular da retina, além de prevenir e tratar a retinopatia da prematuridade.
Se ainda tiver dúvidas em relação à retinopatia da prematuridade, mande para mim.
Dr Emmerson Badaró
