Catarata congênita

A catarata congênita é um evento raro e pouco conhecido, principalmente pelos pais. Uma catarata é uma opacificação da lente que é geralmente associada a senilidade, mas também pode também estar presente já ao nascimento ou na infância.

Estima-se que a catarata congênita tenha prevalência de 1,2 a 6 casos a cada 10.000 nascimentos. Caso a catarata congênita não seja diagnosticada e tratada precocemente, pode levar a perda visual permanente.

Catarata congênita unilateral

geralmente é incidentes esporádicos isolados, não tendo relação com outras doenças sistêmicas. Pode estar associada a anormalidades oculares (por exemplo, lenticone posterior, persistência de vítreo primário hiperplásico, disgenesia do segmento anterior, tumores do polo posterior), trauma ou infecção intra-uterina, particularmente rubéola e toxoplasmose.

Catarata congênita bilateral

é frequentemente herdada e pode ter associação com outras doenças sistêmicas. Ela exige uma análise metabólica, infecciosa, sistêmica e genética completa na criança. As causas comuns são hipoglicemia, alterações genéticas como síndrome de Down, Edward e Patau, distrofia miotônica, doenças infecciosas (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes simplex) e prematuridade. Pode ser necessário realizar uma avaliação na família para identificar portadores assintomáticos de alterações que gerem a catarata.

A catarata congênita está presente no nascimento, mas não pode ser identificada até mais tarde na vida. O histórico pré-natal e familiar é útil. Em geral é diagnosticada no exame do teste do olhinho, realizado pelo pediatra, ou no exame oftalmológico, que é feito pelo oftalmologista. Nem todas as cataratas congênitas tem relevância clínica e necessitam ser retiradas. Algumas, caso pequenas e não comprometam o eixo visual, podem ser acompanhadas para verificar a velocidade de crescimento. Caso seja optado pela conduta de acompanhamento, deve ser realizado com intervalos curtos para prevenir perdas visuais.

Algumas cataratas congênitas são estáticas, mas outras são progressivas. Isso explica por que nem todas as cataratas congênitas são identificadas ao nascimento. Por isso, mais uma vez eu ressalto a importância de todas as crianças realizarem a consulta com oftalmologista até os 6 meses de vida mesmo que os pais acreditem que a criança enxerga bem e não tenham queixas.

Uma vez diagnosticada e optado pela conduta de tratamento, a catarata congênita deve ser retirada precocemente. A remoção cirúrgica da catarata é apenas o começo de um longo processo de tratamento, que envolve um intenso processo de reabilitação visual para estimular o olho operado a desenvolver sua habilidade de enxergar, evitando a ambliopia.

A reabilitação e estimulação visual requerem muitos anos de ajustes e de correção de refração com óculos ou lentes de contato, oclusão para ambliopia e exames de triagem para glaucoma e alterações de retina, além de avaliação de estrabismo.

Se você ficou com dúvidas em relação ao que fazer para avaliação de catarata congênita, mande para mim. Se ainda não marcou a consulta do seu filho, mande uma mensagem para nós.

Dr Emmerson Badaró